31 de março de 2008

Maturação das respostas auditivas

Como foi dito na postagem anterior, o bebê ao nascer apresenta respostas reflexas e involuntárias, obtendo uma reação mais comportamental posteriormente. Durante seu crescimento, a criança possui a capacidade de aprender todos os tipos de sons que se encontram no meio em que vive.

Para que um estímulo seja reconhecido por uma pessoa, é necessário que haja também uma maturação das respostas auditivas. Normalmente, a ordem de maturação a seguir é primeiramente a atenção auditiva, seguida pela consciência auditiva, localização sonora, discriminação de sons, seleção figura e fundo e associação de sons com a fonte sonora.

Entretanto, se o processo de maturação não estiver completo ou ocorra uma lesão no sistema nervoso central, é muito provável que haja um dano em alguma das etapas descritas. Um atraso na estrutura motora acarretará em uma dificuldade na localização da fonte sonora; uma falha no estímulo verbal provocará um prejuízo na recepção do som e na expressão oral.

Para saber mais:

Russo, I.e Santos, T. M. M. Audiologia Infantil. São Paulo: Cortez, 1989.

Imagem: http://www.flickr.com/photos/sauvagii/561495488/

30 de março de 2008

Desenvolvimento da função auditiva

A partir de estudos realizados por diversos autores como Ewing e Ewing (1944), Kendal (1966), Eisenberg (1970), Bess e McConnell (1981), pôde-se descrever as respostas aos sons que neonatos e crianças pequenas apresentam em seu desenvolvimento normal.

Anos e Meses

Respostas ao som

0 - 0

Respostas reflexas: cócleo-palpebral, startle (sobressalto). Movimentos generalizados do corpo.

0 - 3

Inicia os esforços de localização - movimentos de olhos ou de cabeça em direção à fonte sonora.

0 - 6

Resposta de localização razoavelmente bem desenvolvida.

1 - 0

Resposta à ordens simples. Localiza a fonte sonora diretamente para o lado e para baixo.

1 - 6

Reconhecer partes do corpo ou as roupas quando nomeadas. Localiza a fonte sonora diretamente para o lado, para baixo e indiretamente para cima.

1 - 9

Pode selecionar objetos familiares quando são nomeados. Localiza diretamente os sons para o lado, para baixo e para cima.

2 - 0

Aponta para figuras conhecidas quando são nomeadas. Audiometria lúdica condicionada pode ser possível. Localiza diretamente os sons em qualquer ângulo.


Para saber mais:

Northern, J.L. e Downs, M.P. Audição em Crianças. São Paulo: Manole, 1989.

Imagem:

http://bighugelabs.com/flickr/onblack.php?id=768396654&size=large

29 de março de 2008

O processo de maturação da audição

O desenvolvimento do sistema nervoso auditivo tem seu início na vida intra-uterina, em torno da vigésima semana gestacional, onde ocorrendo a maturação do sistema auditivo periférico.

A partir desse período de gestação, mudanças no batimento cardíaco do feto por estimulação acústica já são notadas. Durante a vigésima quarta e quinta semanas, há a existência do reflexo cócleo palpebral intra-útero.

Estudos feitos sobre a medição do ruído intra-uterino de 60 a 80 decibéis realizados por Querlen e Crepin em 1981 mostraram que o feto é capaz de detectar sons graves (entonação, duração, ritmo, freqüência), assim como ouvir a voz materna (vigésima semana), devido à maturação da cóclea.

Após o nascimento, tem inicio o processo de maturação do sistema auditivo central, período que ocorre a especialização neuronal, completando-se por volta dos dezoito meses de idade.


Para saber mais:

Marques, A.C.S.L. Avaliação auditiva comportamental. Monografia de conclusão do Curso de Especialização em Audiologia Clínica (CEFAC): Rio de janeiro, 1999.

Rondina, C e Matas, C.G. Neuropatia Auditiva: estudo de caso. Acta - AWHO, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 10-17, 2006.

Imagem:

http://www.flickr.com/photos/sand-dreams/2086695698/

25 de março de 2008

Etiologia da perda auditiva na infância

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 1,5% da população de países em desenvolvimento apresentam prejuízos relacionados à audição. No Brasil, estima-se que 15 milhões de pessoas tenham algum tipo de perda auditiva, onde 350 mil não escutam nenhum tipo de som.

As causas da perda auditiva na infância vêm sendo estudadas ao longo dos anos, elas podem ser devido a problemas durante a gestação (pré-natal), durante o nascimento (peri-natal) ou depois do nascimento (pós-natal ou neonatal).

Pré-natal (ocorrido durante a gestação)

a) Hereditário

- síndrome

- fator familiar

b) Não-Hereditário

- alterações endócrinas

- bacterianas (sífilis)

- protozoários (toxoplasmose)

- deficiência na nutrição materna

- diabetes

- drogas e medicamentos

- toxemia gravídica (síndrome)

- viróticas (rubéola, sarampo, caxumba)

- má formações

- gestação de alto risco (gestante cardíaca ou problema renal)

Peri-Natal (ocorrido durante o nascimento)

- anóxia (falta de oxigenação)

- prematuridade

- traumas do parto (parto demorado, posição inadequada de apresentação fetal, circulares do cordão umbilical, ausência de passagem pelo canal do parto, ruptura precoce da bolsa d’água).

- incompatibilidade do fator RH

Pós-Natal ou Neonatal (ocorrido depois do nascimento)

- drogas ototóxicas (medicações que podem causar surdez)

- infecções bacterianas (encefalite, meningite)

- traumas (crânio encefálico)

- virais (caxumba, meningite, sarampo)

- ruído

- icterícia ou hiperbilirrubina

- baixo peso

- desidratação

Para saber mais:

Instituto Nacional de Educação de Surdos. Série Audiologia. Edição Revisada, Rio de Janeiro: Autor, 2005.

Oliveira, P.; Castro, F e Ribeiro, A. Surdez Infantil. Rev. Bras. Otorrinolaringol. V.68, n.3, 417-423, maio/junho. 2002.

Imagem:

http://imagens.kboing.com.br/papeldeparede/7004mosaico.jpg

24 de março de 2008

Perdas auditivas e seus graus

A perda auditiva (PA) ou hipoacusia pode ser classificada quanto a sua localização, intensidade e idade de início, onde devem ser levadas em consideração as diferentes etiologias e evolução.

No que diz respeito à sua localização, pode ser dividida em perda auditiva de condução, neurossensorial (ou sensório-neural), mista e central.

  • Condutiva: qualquer afecção no aparelho condutivo (orelha externa e/ou média), normalmente, passíveis de tratamento cirúrgico e/ou medicamentoso;
  • Neurossensorial: devido a qualquer lesão da cóclea ou nervo auditivo (orelha interna), tipo irreversível;
  • Mista: usado para descrever casos nos quais a perda auditiva condutiva e neurossensorial coexistem na mesma orelha (orelha externa, média e/ou interna);
  • Central: determinada por uma alteração nas vias centrais da audição.

Quanto à sua intensidade, a hipoacusia pode ser classificada em dBNA (nível de audição em decibel):

  • Audição normal: média até 24 dBNA;
  • Leve: média de 25 a 40 dBNA;
  • Moderada: média de 41 a 70 dBNA;
  • Severa: média de 71 a 90 dB;
  • Profunda: média acima de 90 dB.

Considerando a idade de início da perda auditiva, ela pode ser dividida em:

  • Pré-lingual: desenvolve-se nos primeiros meses de vida;
  • Precoce: ocorre antes de 2 anos e meio de idade;
  • Tardia: ocorre após 2 anos e meio de idade.

Para saber mais:

Instituto Nacional de Educação de Surdos. Série Audiologia. Edição Revisada, Rio de Janeiro: Autor, 2005.

Northjen, J.L. e Downs, M.P. Hearing in children. 4ed. Baltimore, Williams & Wilkins, 1991.

Ribas, A. e Costa, T. (Orgs). Manual de orientação ao fonoaudiólogo que tua na área da Audiologia. Conselhos de Fonoaudiologia. 2004

Imagem: http://thirsty-ear.mit.edu/wp-content/themes/default/images/
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19 de março de 2008

Fisiologia do Aparelho Auditivo

Afinal, como se dá o processo da trajetória da onda sonora no ouvido humano?

Esse processo pode ser dividido em duas partes: condução e percepção do som. A condução do som corresponde a transmissão mecânica do impulso sonoro que ocorre na orelha externa e média. Já a percepção do som, é responsável pela parte perceptiva que ocorre na orelha interna.

As ondas sonoras são captadas pelo pavilhão auricular (ouvido externo), dando um pequeno aumento de audição, levando assim as ondas até a orelha média. Esta desempenha a condução da onda para a orelha interna. Ao passar pelo canal auditivo, o som se depara com o tímpano, fazendo-o vibrar. Essa vibração é transmitida aos ossículos (bigorna, martelo e estribo) que funcionam como alavanca, aumentando a pressão sonora, transferindo as vibrações para o ouvido interno (caracol e canal semicircular).

Ao chegar à orelha interna, cóclea, o sonora,ndo a press para a traa a tranal semicircular.çuaemos tntender melhor essas vibrações irão sofrer uma transformação de energia mecânica em impulsos nervosos (através da movimentação dos líquidos labirínticos), a partir de um fenômeno mecânico que ocorre no Órgão de Corti. A estimulação das células sensoriais da cóclea até o Órgão de Corti encaminha-se até os centros conrticais da audição, concluindo-se o processamento auditivo.

* Para uma melhor visualização do caminho percorrido pelo som, olhar vídeo abaixo, retirado do YouTube.

Para saber mais:

Instituto Nacional de Educação de Surdos. Série Audiologia. Edição Revisada, Rio de Janeiro: Autor, 2005.

Vídeo YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=w1dDFjuu_To

o sonora,ndo a press para a traa a tranal semicircular.çuaemos tntender melhor

14 de março de 2008

Anatomia do Aparelho Auditivo

A orelha é o órgão dos sentidos que cumpre duas funções vitais ao ser humano: manter o equilíbrio, possibilitando a estabilidade e locomoção e audição, possibilitando a aquisição e o desenvolvimento da linguagem e da comunicação oral.

O aparelho auditivo está dividido em três partes distintas: orelha externa, orelha média e orelha interna, cada qual composta por diversas estruturas.

Orelha Externa: é composta pelo pavilhão auricular, conduto ou meato auditivo externo. Sua principal função é a de captar e conduzir as ondas sonoras até a orelha média.

Orelha Média: situa-se em um espaço irregular e comprido dentro do osso temporal, constituída por uma caixa cheia de ar, onde é constituída pela membrana timpânica, a cadeia ossicular (martelo, bigorna e estribo), a tuba auditiva, ligamentos, músculos (tensor do tímpano e estapédico) e o nervo facial. Tendo como principal função a condução das ondas sonoras até a orelha interna.

Orelha Interna: Também chamada de labirinto, localiza-se na porção petrosa do osso temporal, revestidas por membranas e preenchidas por líquido. Composta pelo vestíbulo e canais semicirculares, estrutura responsável pelo equilíbrio e pela cóclea, responsável pela audição. Esta apresenta forma parecida a de um caracol, medindo aproximadamente 35 mm. Em seu interior, existe uma coluna espiral óssea chamada de modíolo, existindo a rampa timpânica, janela oval e janela redonda.

A rampa timpânica e o ducto coclear são divididos pela membrana basilar, que é sustentada por estruturas finas, com a forma de palheta, as quais se projetam de um dos lados da membrana – as fibras basilares. Além disso, na superfície desta membrana, localiza-se o Órgão de Corti, onde se encontram células nervosas ciliares, células sensoriais. Sua principal função é receber as ondas sonoras conduzidas pela orelha média e transforma-las em impulso nervoso, enviando ao córtex cerebral através do ramo coclear, que junto com o ramo vestibular, forma o VIII par craniano (nervo vestíbulo-coclear).

* Nota:
A Divisão de Audiologia do Instituto Nacional de Educação de Surdos utiliza-se da nomenclatura ORELHA externa, média e interna. Portanto, como o presente projeto de mestrado será desenvolvido nesta instituição, a nomenclatura adotada será a mesma, apesar de alguns autores denominarem OUVIDO externo, médio e interno.


Para saber mais:

Instituto Nacional de Educação de Surdos. Série Audiologia. Edição Revisada, Rio de Janeiro: Autor, 2005.

Imagem:
http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistema-sensorial/
imagens/anatomia-da-orelha-1.jpg



13 de março de 2008

Portador de Deficiência Auditiva, Deficiente Auditivo, Surdo-Mudo ou Surdo?

De acordo com Sassaki (2005), para que uma pessoa seja portadora de algo, ela também deve ter a possibilidade de não portá-lo, seja deliberadamente ou casualmente. Isto é, a condição da pessoa ter uma deficiência faz parte dela.

O termo deficiência auditiva refere-se à incapacidade parcial ou total da audição. Entretanto, para a comunidade Surda, este termo está vinculado àqueles que não participam de Associações e não sabem Língua de Sinais. Algumas pessoas com perda parcial da audição se auto denominam como tendo uma deficiência auditiva, não gostando de serem chamados de surdos.

Segundo a Federação Nacional de Surdos (FENEIS), a nomenclatura mais antiga e incorreta utilizada é a de surdo-mudo. O fato de uma pessoa ser surda, não significa que ela seja muda.

No Brasil, surdo é o indivíduo que possui uma audição não funcional para todos os sons e ruídos do ambiente, impedindo-o de adquirir, naturalmente, a língua oral/auditiva e compreender a fala através do ouvido. Os surdos possuem uma identidade, uma cultura e uma língua. Para eles, o surdo não possui uma deficiência, mas sim, uma outra língua.

Para saber mais:

SÁ, Nídia Limeira. Os Estudos Surdos. Cultura, poder e educação de surdos. São Paulo: Paulinas, 2006.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Vida Indepentente: história, movimento, liderança,conceito, filosofia e fundamentos. São Paulo: RNR, 2003.

Imagem:

http://news.bbc.co.uk/olmedia/1800000/images/
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7 de março de 2008

A DAY IN THE LIFE

Em 2002, iniciei o curso de graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro tendo concluído em 2007. Durante esse período identifiquei-me com a área de neuropsicologia, tendo feito estágio em avaliação neuropsicológica no Serviço de Psicologia Aplicada (SPA), Instituto de Psiquiatria Infantil, Instituto de Neurologia Deolindo Couto e como bolsista de Extensão Universitária da UFRJ. Apesar de ter tido experiência com pacientes de faixas etárias diversas, meu interesse maior sempre foi o atendimento de crianças e adolescentes, participando assim de pesquisas sobre Transtorno do Déficit de Atenção e Hipertividade, Transtorno do Humor Bipolar, Epilepsia Benigna da Infância e Transtorno de Aprendizagem.

Atualmente, sou pesquisadora do Laboratório de Neuropsicologia Cognitiva e Neurociências situado no Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Neste laboratório, realizo pesquisas em parceria com a Faculdade de Letras e o Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ, visando a adaptação transcultural e em Libras, além da informatização de testes neuropsicológicos/psicológicos para a população surda.

Minha pesquisa na PUC-Rio baseia-se no estudo dos subcomponentes da memória de trabalho na população infantil surda.

Sejam Bem-Vindos !!!